CARTA ABERTA DA COORDENAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO DISTRITO FEDERAL (CMS-DF) AO GOVERNADOR AGNELO QUEIROZ
Excelentíssimo Senhor Governador,
A Coordenação dos Movimentos Sociais no Distrito Federal, CMS-DF, que congrega diversos movimentos urbanos e rurais, com representações do movimento popular, sindical, estudantil, de ambientalistas, de mulheres, LGBT e movimento negro, dentre outros, dirige-se à V.Exa., nesta carta aberta, para requerer a abertura de um canal permanente de diálogo e negociação, na perspectiva de atendimento, por parte do Governo do Distrito Federal, das demandas apresentadas pelos movimentos sociais.
Durante o processo eleitoral de 2010, os movimentos sociais tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.
No Distrito Federal, uma parcela considerável de militantes ligados aos movimentos sociais decidiu por apoiar a sua candidatura e da companheira Dilma Rousseff. No entanto, reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e da construção de um país democrático, socialmente justo e soberano.
No Distrito Federal, por um longo período, os sucessivos governos negaram ao povo trabalhador o direito de participação e de decisão sobre o seu destino. Ao invés do diálogo, optou-se pela criminalização: reprimindo e perseguindo as organizações dos movimentos sociais. A descoberta da "Caixa de Pandora", iniciada no governo Roriz, desnudou para a sociedade os interesses escusos dos governantes.
Os movimentos sociais organizados do Distrito Federal tiveram participação ativa no processo de denúncia e de luta, que culminou com o "Fora Arruda". A vitória do atual Governo na eleição de 2010 é parte dessa luta, que não pode se restringir à defesa da ética, mas que precisa dar sinais claros de que atenderá as demandas dos movimentos sociais.
E para que possamos transformar a vitória eleitoral em avanço real das conquistas, apresentamos os seguintes eixos de reivindicações que esperamos ser atendidas:
a) Fim do monopólio do transporte público no Distrito Federal: Imediata abertura de concorrência e novas licitações para os trechos monopolizados pelas atuais empresas e pelo fortalecimento da TCB;
b) Passe Livre: Manutenção e ampliação do Passe Livre para estudantes (inclusive áreas rurais), donas de casa e desempregados;
c) Mobilidade Urbana: Ampliação do metrô, criação do transporte urbano ferroviário, renovação da frota de ônibus e construção de ciclovias;
d) Creches: Construção de creches em todas as cidades e universalização da oferta de vagas;
e) Democratização da Cultura: Construção e revitalização de espaços culturais nas cidades e implantação de projetos culturais populares;
f) Moradia Popular: Destinação de terrenos nas cidades para construção de moradias, com a implantação do Programa Minha Casa, Minha Vida em todo o Distrito Federal;
g) Participação Direta: Instituição do Conselho de Desenvolvimento Social, do Orçamento Participativo e criação do Fórum Permanente de Relações com os Movimentos Sociais;
h) Segurança Pública: Instituição da Polícia Comunitária e fim da Patamo;
i) Meio Ambiente: Revitalização de parques ecológicos em todas as cidades e implantação da Agenda 21 no Distrito Federal;
No âmbito federal continuaremos a luta por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combatendo os monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defendendo as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, universal, solidária e de boa qualidade, e pelo fim do fator previdenciário.
De nossa parte seguiremos organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.